O título acima foi tema de um dos debates do quarto dia do
Social Media Week São Paulo. Participaram do debate
Renê de Paula (Locaweb) e
Gil Giardelli (ESPM/Gaia) com a mediação do
Pedro Doria (Estadão). A proposta era discutir as verdades, exageros, números over-dimensionados e a dura realidade de quem trabalha e pensa nas mídias sociais. Senti que foi uma verdadeira trollagem, mas não que tenha sido ruim.
Ficou claro no debate que o Renê de Paula e Pedro Doria, que até então só iria mediar a discussão, definitivamente não acreditam em mídias sociais, e defenderam muito bem os seus pontos de vista. Segundo eles, dentre muitas coisas que abordaram, mobile é uma coisa cara, pensamos no Brasil com os olhos de fora, os brasileiros são pouco ativistas, mídias sociais não servem pra nada e quem ganha dinheiro com isso são aqueles que realizam eventos sobre o tema (o Renê fala basicamente o que disse no evento em seu blog pessoal
aqui e
aqui). Pelo que entendi, principalmente do Renê, quiseram mostrar que vivemos em um "mundinho" fechado e nos pautamos pelos nossos amigos. Infelizmente, apesar de gostar muito do profissional, o Gil Giardelli não conseguiu contrapor e defender o "nosso" lado.
Depois de tudo isso, apesar de ter discordado demais dos pontos de vista levantados ali, procurei refletir sobre o assunto (esse foi o lado bom da trollagem). Cheguei a conclusão que são maneiras diferentes de analisar a mesma coisa. O Renê se pautou em analisar os "problemas" culturais e sociais da nossa época, não só referentes a tecnologia, e o que há de ruim em mídias sociais, o que realmente existe, como tudo na vida, inclusive em hospedagem de sites. Apesar de respeitar muito a opinião do Renê, por toda sua experiência e história na comunicação, acredito que ele foi infeliz em generalizar e colocar todo mundo em um único balaio de gato.
Não sou cético quanto ao mercado, sei que existe muita gente oportunista, empresa e profissional, que entra no meio por "modinha", muitos que não entendem que é só mais um meio dentro de um ciclo e, portanto, não é a salvação para nada. Sei também que nosso País tem um problema sério social, que isso se reflete muito na web, mas acredito que as coisas estejam realmente mudando. Em relação aos "problemas culturais", acho que toda sociedade, não só brasileira, está passando por uma transformação e isso de alguma maneira nos choca (como disse o Sr. Fábio Barbosa, presidente do Conselho do Banco Santander durante o Social Media Week, as pessoas não gostam de mudança, mas vivemos em uma época em que as coisas mudam muito rápido).
Como acredito muito no Brasil e no mercado, além de ser confiante por natureza, posso dizer que estou vivendo em um "mundinho" em que:
- a
internet foi regulamentada na campanha e as mídias sociais foram importantes no processo eleitoral brasileiro (nada de obamania e, talvez,
não haveria segundo turno);
-
uma empresa começou o processo de venda de um apartamento pelo Twitter (não defendo a plataforma, mas a empresa que foi estruturada para isso e entendeu o que é mídia social);
-
uma estudante foi demitida por um post racista, que foi repudiado pela rede, e está sofrendo uma ação da OAB;
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34,2 milhões de assinantes com internet banda larga,
20,6 milhões deles usam internet por smartphone ou modem 3G;
-
o Brasil pode ter ao final de 2011 35 milhões de aparelhos 3G;
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existe plano pré-pago popular para acesso ilimitado à internet;
-
pela primeira vez no mundo smartphones vendem mais que computadores pessoais;
-
os consumidores tem mais poder;
-
o co-Fundador do Instagram é brasileiro;
-
o co-Fundador do Facebook é brasileiro;
-
as redes sociais inflenciam pouco a mídia tradicional no Brasil, mas já influenciam (o Brasil ainda é muito centralizador de audiência, inclusive na web, mas aos poucos isso está mudando, temos vários casos que mostram isso, como
esse,
esse,
esse,
esse e
esse);
-
o Orkut ainda é maior no Brasil, porém no último ano cresceu 28%, enquanto o Facebook 258%. (é evidente que o Orkut é preferência nacional, mas a tendência é que o Facebook lidere brevemente);
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pelo menos 33 senadores já aderiram as redes sociais;
-
um órgão de defesa do consumidor fará parte do Comitê Gestor da Internet no Brasil;
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os brasileiros são os que mais usam tecnologia e redes sociais no trabalho;
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81,3 milhões de pessoas com mais de 12 anos acessam a internet no Brasil, sendo que desse universo, 31% usam a lan house para se conectar e 27% se conectam através de suas residências;
-
98% dos usuários brasileiros acessam as redes sociais.
Obrigado Renê de Paula, Gil Giardelli e Pedro Doria por me fazer analisar nosso "mundinho".