Com a onda do "
Maior concurso da história de Mato Grosso" (talvez do Brasil), muita gente do País inteiro se mobilizou para prestar a prova. Mas como a maioria das coisas do governo,
o concurso não deu certo, por vários motivos: tamanho, desorganização, fraude, etc.
Mesmo assim, o que mais me deixa decepcionado não é falta de organização do governo, com isso já até nos acostumamos. O problema é o número de pessoas que são atraídas pelos concursos públicos pela mordomia da ideia de se trabalhar pouco e ganhar muito, com a estabilidade de ganhar todo mês garantido. Pelo menos 2 em cada 3 pessoas conhecidas que eu perguntava iriam fazer esse concurso. Aposto que 80% delas iriam fazer pelo motivo que citei acima.
É decepcionante a falta de interesse das pessoas e a falta de empreendedorismo pessoal. Se você for um concurseiro, leia abaixo um artigo muito bom postado no
Webinsider em 2007, mas que não deixa de ser atual. Pense bem nos motivos e nos caminhos que você toca sua vida profissional.
Concurso público atrai, mas pelos motivos errados
É muito grande o número de pessoas que estão “estudando para concurso público”. Acredito que vocês também conheçam muitas.
Outro dia, ao sair de um centro de treinamento onde sou professor, acompanhado de meu coordenador, encontramos um pai de aluno. Ele perguntou se o curso superior que seria lançado daria um diploma ao seu filho suficiente para capacitá-lo, no futuro, a fazer concurso público.
A justificativa do pai foi assustadora. Ele disse o seguinte:
- Estou perguntando isso porque quero que meu filho se forme e trabalhe como qualquer profissional. Mas sei que meu filho é meio preguiçoso. Vocês sabem, pai que é pai conhece os filhos. Então, se ele não “der para nada no mercado”, pelo menos faz um concurso público e garante a estabilidade no emprego e um salário certo todo mês.
Fiquei chocado!
A gana por fazer concurso público surge quando o profissional chega à conclusão de que está sendo mal aproveitado no trabalho, ou não consegue arrumar emprego, ou acha que trabalha muito e ganha pouco ou se sente inseguro.
Toda vez que pergunto a alguém que se prepara para fazer concurso público o porquê da escolha, a maioria das respostas é nesta linha: - Quero ganhar bem e trabalhar pouco; ou - Fazendo concurso eu não vou ter que “ralar” e vou ganhar um ótimo salário pelo pouco que vou trabalhar; e - Tem um amigo meu que passou no concurso e agora está “tirando cinco barão (R$ 5.000,00)”, fora os extras (dinheiro que estaria ganhando de forma ilícita). Outras pessoas esperam que o concurso público traga estabilidade e segurança.
O profissional que trabalha em uma empresa privada sabe que só permanecerá no emprego se fizer por onde, pois o mercado é cada vez mais competitivo e só sobrevive quem trabalha muito e de verdade, com eficácia e eficiência.
Não se trata aqui de levantar bandeira contra o concurso público. Se você estipular como meta na sua carreira se tornar engenheiro de petróleo, nada mais justo que desejar ocupar esse cargo na Petrobras.
O que incomoda não é o fato de ser um funcionário público, mas o discurso anti-produtivo daqueles que desejam assumir uma vaga como “estatuário”. Se um advogado pretende se tornar juiz ou promotor, a única forma é através de concurso para a escola de magistratura. Esse profissional se formou em direito e tem um objetivo específico.
O que assusta é a quantidade de pessoas formadas nas mais diferentes áreas que pretendem fazer concurso. Quando pergunto para onde, a resposta é sempre a mesma: -Para qualquer lugar. Ou seja, concurso público virou sinônimo de dinheiro certo e pouco trabalho. Claro que também conheço muitos funcionários públicos que trabalham muito.
No caderno Boa Chance, publicado no jornal O Globo no dia 22 de abril, dia em que deveríamos comemorar o descobrimento do Brasil, descobri que as pessoas estão um pouco perdidas. Na capa, o relato de três jovens meninas com os seguintes textos: Qualquer um; Faculdade só depois de virar servidora pública e O segredo está em conhecer bem o edital. Nenhuma delas completou 25 anos. Como essas meninas formaram opinião tão acertada sobre o futuro de suas carreiras? Será que não existe influência dos pais?
No Orkut há várias comunidades sobre concursos, que ultrapassam o número de 6 mil usuários. Encontrei também um blog, Concursolândia, sobre o dia-a-dia de um estudante. Ele diz que há três anos estuda para concursos (vários). Será que vale a pena ficar tanto tempo tentando uma vaga como essa? Será que realmente justifica? E quem está “bancando” essa pessoa? Segundo o relato no blog, ele só estuda. Será que essa é a única opção ou a menos árdua?
Existem livros e cadernos com provas de concursos anteriores sendo vendidos e milhões de cursinhos preparatórios. É a bolha do concurso público. Será que o país tem vaga para todos? Será que a maioria não fica de fora e só um grupo seleto entra, criando com isso uma industria da esperança por dias melhores? Finalmente, será que a segurança do emprego público vai ser para a vida inteira?
Os impostos que pagamos são para manter a máquina pública rodando. Ou seja, quanto mais óleo precisar essa máquina, mais impostos vamos pagar. Até quando o governo vai garantir isso ao povo?
Portanto, cuidado quando for projetar seus próximos 30 anos funcionais. Já vimos, em 12 anos, variadas mudanças nos planos econômicos do país. Quem disse que o próximo presidente, em 2011, não poderá de alguma forma privatizar órgãos públicos? E aí? Vai montar um currículo e enviar para as empresas onde desejaria trabalhar? Tô aqui na torcida … (risos).
O ideal era ter o funcionário público empreendedor, mas, infelizmente, um empreendedor no serviço público provavelmente esbarraria na política interna e na resistência às mudanças. O profissional empreendedor se destaca, pois está sempre melhorando sua produtividade no dia-a-dia e buscando novas idéias e oportunidades de negócios. Esse é um comportamento ativo de um empreendedor.
Não esqueça que o país fica menos produtivo quando trabalhamos menos. Trabalhe com vontade e com muita determinação. Trabalhe como se você fosse o dono da empresa. É uma pena que existam tantos cursinhos preparatórios para concurso e poucas escolas para a formação de empreendedores no país. No Podcrer#06, pelo menos, uma boa notícia. Agora, empreendedorismo vai fazer parte do ensino fundamental. Se você perguntar a um empreendedor onde ele aprendeu, a maioria vai dizer que aprendeu na marra, errando e corrigindo os erros.
Para terminar, sei que os leitores do Webinsider não têm perfil para ser funcionário público, mas você deve conhecer alguém que talvez precise ler esse texto. Encaminhe e faça sua boa ação do dia!
Post original.